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Protógonos

PRIMEIRO ATO

 

 

I – Caos

 


Despertei... E tudo era o negro, o nada, o nunca.


Cerrei com força as minhas pálpebras!
Depois..., fui entreabrindo os olhos. Aos poucos...
Para ter certeza de que os tinha realmente abertos.
Mas a minha frente era o negrume opaco, a ausência
Surda, pura, imota e impenetrável.
Sim, a minha frente tudo era o negro, o nada, o nunca.

Não movia nenhum outro músculo do corpo.
Sequer respirava.
Arregalei os olhos; girei as córneas em todas as direções.
Agucei o meu ouvido ao máximo... O negro... O nada... O nunca...

Súbito, levantei o tórax de um gesto dentro do vazio!
E, então, uma dor aguda na minha cabeça
Arremessou-me de volta à posição inicial.
Procurei com os dedos de sombra entre os cabelos
Colados uns aos outros com um sangue seco há muito
A origem daquela dor: achei uma fenda no meu crânio
Larga e funda, como o golpe de um machado!
Deus... Não me lembrava de nada!
Nada trespassava a minha Mente, nenhuma estilha de memória, nenhum eco diáfano
De forma, som ou cor... Nem tempo, nem espaço. Nada...

O Negro. O Nada. O Nunca.

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